Fábio Mazzeu – Áudio blog

Porque a masterização é importante

Eu lembro do primeiro trabalho que eu mandei masterizar fora – no Sage Audio. Foi o single da Green Morton, Obey.

Por um bom tempo eu não vi tanta diferença assim na masterização.

Achava que as masters que eu fiz em outros trabalhos estavam no mesmo nível do trampo gringo.

Bom, a verdade é que elas não estavam!

Masterizar é um processo bem peculiar.

Envolve um sistema de monitoramento bem superior ao que a gente está acostumado, alguns equipamentos bem caros e um par de ouvidos acostumados com coisas diferentes.

É verdade que esse processo pode ser muito bem feito no seu próprio estúdio, home studio e até em casa.

Mas muitas bandas, produtores e estúdios, não dão a atenção devida pra esse processo.

Tudo bem, eu entendo.

Afinal, eu também não dava!

Mas com o tempo eu aprendi que a história é bem diferente. Vou compartilhar com vocês algumas ideias de porque a masterização é importante para a música, e, mais especificamente, para a sua música.

O que é masterização?

A masterização veio de um termo usado para definir as fitas MASTER usadas para a duplicação das músicas, seja em outras fitas ou para vinil.

ampex tape
Fita Ampex usada em gravadores de fita

Era um processo voltado exclusivamente para a duplicação do material.

Com a era digital e a evolução dos processos, masterização passou a ser a etapa de “polir” as músicas e como elas soam para os ouvintes.

Ainda existe muita confusão, troca de termos… mas a gente chega lá!

Masterizar é deixar aquele som tão bom para as pessoas, como ele é para você.

Você quer que todo mundo escute o bumbo com definição, peso, e ataque, não é? Afinal, você passou horas trabalhando nele.

Combinando ferramentas, como equalização, compressão, limiters, e diversos outros truques, é possível “colar” a track e garantir que ela está soando sensacional para qualquer pessoa, em qualquer lugar.

Porque a masterização ainda é importante?

Uma boa masterização resolve 3 problemas básicos que podem ser o caixão da sua música.

É um processo que vai te ajudar a mostrar tudo que essa track tem de melhor e também adequá-la ao que o público espera de uma faixa, considerando o que ele escuta diariamente.

O ponto número um, é que você não está escutando a música da mesma forma que a sua audiência.

Sala de mixagem

Acústica, qualidade do sistema de monitoramento, e até a mixagem podem influenciar na maneira como a sua música está sendo ouvida.

Sala de estar comum

Um bom serviço de masterização não vai salvar uma mix péssima, mas vai encontrar o que deve ser destacado e o que não precisa.

Estúdio de masterização

Músicas soam diferente em situações diferentes.

Ouvindo no carro, fones, em um bom som, em um péssimo som, cada um desses players traduzem a faixa de uma forma.

Uma boa masterização faz a sua música soar bem, sempre.

Para fechar, é muito fácil perder a percepção inicial de uma música.

Principalmente se está levando dias para mixar uma mesma track. É comum se perder no meio (quem nunca, né?).

A master é uma oportunidade de dar um passo atrás, e enxergar o que está acontecendo de forma ampla, com novos olhos – ou ouvidos, no caso.

Assim, é possível consertar alguns problemas – geralmente graves – que passaram despercebidos.

Criando o “som de CD”

No final das contas, o que nós queremos é que a músicaa soe como um CD, o famoso “sound like a record“.

Essa é uma expressão muito comum que descreve o “som” que ouvimos em bons CD’s.

Pode ser internacional ou nacional, não importa, quando um trabalho é realmente bem feito, ele soa sensacional.

Quando falamos em masterizar, o objetivo principal aqui é corrigir problemas de volume (ou balance) na mix, além de destacar algumas características sonoras interessantes para a faixa.

Para isso, usamos EQ e compressão, além de mais algumas ferramentas como stereo enhancers, limiters e outros.

Para mim, um bom exemplo é o Lapadas do Povo, do Raimundos.

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=yC29BlcvarA[/youtube]

É um CD de 1997 que eu considero sensacional. E, curiosamente, foi gravado no Sound City!

Ele foi masterizado no Precision Mastering, por um cara chamado Stephen Marcussen.

Para contextualizar essa ideia do sound like a record, pense em uma boa mix comparada a uma boa versão final masterizada.

Mantendo a consistência das músicas do seu disco

Quando existe um trabalho envolvendo mais músicas – um EP ou álbum completo –  é importante pensar em como elas interagem juntas no disco.

Existe uma consistência no som? Os volumes das músicas estão similares? Existe uma característica naquele som?

É a ideia de todas as músicas, juntas, terem o som de disco que a gente sempre procura.

Claro, não é só criar alguns presets – se você mesmo estiver masterizando – e jogar em todas as tracks.

É adequar e trabalhar cada uma delas, separadamente, para que exista uma unidade em todo o trabalho.

Preparando para distribuição

Uma das partes mais importantes da masterização é preparar as mídias para o processo de distribuição.

É verdade que hoje em dia isso significa colocar nas plataformas de streaming e reproduzir alguns CD’s para vender em shows.

Mas se você quer ter um trabalho profissional e finalizado para diferentes propósitos, é preciso exportar os arquivos no formato certo.

Para CD físico, o padrão é WAV 16 bits/44.1 khz. Esse é o formato padrão dessa mídia.

Para plataformas de streaming, AAC e MP3 de alta resolução são os mais indicados, mas muitas plataformas aceitam o WAV e até mesmo em 24 bits.

Todos esses termos servem para manter a qualidade do áudio que foi captado, mixado e masterizado, evitando compressões excessivas.

Um ponto que não pode ser esquecido, é a inserção de códigos e informações importantes para a banda.

O ISRCInternacional Standard Recording Code – é um código que identifica a sua música mundialmente e permite que você recebe royalties sobre ela.

É preciso, por exemplo, para receber os pagamentos do Spotify.

Junto com o ISRC, existe a metadata das músicas, ordem das tracks, transições, PQ codes (o tempo e duração de cada uma das músicas) e outras marcações específicas para CD’s que são inseridas ao final da master.

Se você realmente busca um trabalho profissional com músico, a masterização é uma parte indispensável do processo.

Se você está produzindo e gravando bandas, esse pode ser o ponto que vai definir quão bom aquele trabalho realmente vai ser ao ouvido da audiência.

A masterização é muito esquecida atualmente, seja pelo custo de enviar para um engenheiro especializado ou simplesmente por não entender o que ela realmente faz.

Mas lembre-se: uma boa mix não faz um álbum!

A master traz o “som de CD” e dá a característica do disco inteiro.

O que você acha de tudo isso? Masterização é realmente tão importante assim? Me conte nos comentários e vamos bater um papo!

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