andy wallace dicas de mixagem

18 dicas de mixagem do Andy Wallace

O Andy Wallace é um dos engenheiros de mixagem mais requisitados que existe.

O motivo é bem simples: o cara manda muito. E tem um currículo invejável.

Ele mixou o Raining Blood do Slayer, Nevermind do Nirvana, Roots do Sepultura, Grace do Jeff Buckley, Freakshow do Silverchair, The Stage do Avenged Sevenfold e mais álbuns do que eu conseguiria citar aqui.

Acompanhando ele ao longo dos anos reuni algumas anotações com dicas e macetes de mixagem do Andy Wallace. Tem muita coisa boa espalhada pela internet e muitas dicas para nos ajudar a melhorar nossas mixes.

Separei 18 delas para começar. Vamos lá?

1. Crie grupos para controlar a sua mix

Os grupos já são famosos para quem mixa em mesas de som. Geralmente, são faders estéreo que você pode direcionar canais separadamente e ter mais controle sobre o grupo de instrumentos.

No Pro Tools, é possível fazer isso com VCA’s (faders que controlam vários faders), também através de auxiliares (o output de um canal vai para o input de um auxiliar) ou através de grupos que agrupam as ações de um conjunto de faders. Acredito que esse formato é mais comum em outras DAW’s também.

Mas por quê isso?

É bem simples. Na hora de chegar no balanço final de volumes é muito mais fácil mexer em um fader para regular toda a bateria do que regular cada uma das peças individualmente. O mesmo vale com todas as 45 guitarras gravadas.

2. Comece mixando pela parte mais alta da música

A parte mais alta da música não costuma ser apenas o momento mais excitante da canção, mas também é o ponto onde os compressores estão sendo mais agredidos.

É onde o sinal de entrada é mais alto e onde estão os picos mais altos.

Se você começar mixando de onde o volume é mais alto (geralmente no refrão) vai ser bem mais fácil controlar as outras partes da música.

3. Limpe elementos que não contribuem com filtros HP e LP

Os filtros de Highpass e Lowpass são salva vidas!

Grande parte da mixagem consiste em eliminar o que não contribui para a música. Geralmente, esses elementos são os sub-lows que embolam tudo, ou pratos extremamente brilhantes que quase nos deixam surdos.

Limpe todos esses elementos com os filtros HP e LP!

4.Use o solo para chegar no som de cada peça…

Quando recebemos um projeto e ouvimos pela primeira vez, a visão geral da mix fica bem clara.

Ao mesmo tempo, já pensamos em mudanças para alguns instrumentos, com o objetivo de chegar nesse resultado mais rápido.

Use o Solo para conferir o som de cada peça e aplicar a equalização e compressão necessária.

5. mas escute sempre tudo junto para ter o contexto geral

Porém uma mix não é feita somente de instrumentos solados, certo?

Depois de chegar no som que você quer, escute tudo junto para entender o contexto geral e fazer os ajustes necessários para que os instrumentos convivam juntos.

Isso pode acontecer em etapas, também. Primeiro a batera, depois batera e baixo, depois ambos com guitarras e teclados, e por último a voz.

6. Mix mais seca e alta = pouco OH e ROOM

No metal é bem comum procurarmos por aquele som “na cara” e bem seco.

Isso geralmente é atingido com bastante compressão e poucos efeitos de ambiência. Uma dica legal do Andy Wallace é deixar os overheads e mics de room beeeeem baixinhos.

Isso limpa a batera e traz o ataque dos microfones individuais de cada peça.

7. 1k no bumbo para trazer mais o kick da batedeira

Se você já ouviu Pantera sabe muito bem o que é um bumbo bem clickado.

Pessoalmente eu gosto bastante, mas é sempre uma questão de gosto pessoal. De toda forma, se você quiser trazer mais ataque sem do bumbo, 1k no EQ ajuda a trazer mais o som da pele batedeira e adicionar mais ataque.

8. Compressão ajuda os sub lows a ficarem mais longos

O compressor é um regulador automático de dinâmica. Ele aproxima os picos de volume das partes mais baixas, de forma bem básica.

Então, o Andy Wallace usa a compressão como uma forma de alongar os graves nos instrumentos.

Um bom exemplo é o bumbo. Para aumentar o sustain e a sensação do grave batendo no peito, experimente colocar algo entre 6 e 8 dB de GR.

9. 2k traz snap, ataque, na caixa

Assim como o 1k traz o kick no bumbo, 2k na caixa de bateria traz ataque e deixa ela bem na cara.

Porém, existe um contratempo: esse é o mesmo espaço ocupado pelas guitarras. Então, mesmo que eles estejam em lugares diferentes no campo estéreo, trabalhe bem para deixar cada um ocupando o seu espaço.

10. Quando o bumbo parece alto e baixo ao mesmo tempo, pode haver algum problema de equalização

Essa dica foi valiosa demaaaais para mim.

Quando o bumbo parece alto e baixo ao mesmo tempo, tem alguma coisa errada na equalização. Geralmente, o grave está legal mas falta agudo, ou vice versa.

Comigo é sempre assim: falta agudo e kick. Tente adicionar o que está faltando de forma exagerada e ver se resolve. Depois, é só regular e chegar na medida perfeita.

11. Gate no mic da esteira para evitar o “mud pool”

Muita gente menospreza o microfone da esteira da caixa, mas eu acho bem valioso.

O Chris Lord-Alge usa pra conseguir mais grave na caixa e o Andy Wallace também. Mas ele também alerta que o vazando do mic da esteira pode embolar muito o som da bateria. O que ele chama de mud pool.

Então, coloque um gate simples para dar aquela limpada!

12. Analise a mix em vários volumes (e garanta que há punch em todos eles)

Mixar em volumes moderados é uma dica clássica.

Mas você também precisa analisar a mix em diferentes volumes para saber como ela vai se comportar. É muito comum instrumentos começarem a sobrar em volumes mais altos (pela potência dos monitores de referência).

Isso acontece porque para algumas frequências, é preciso mais potência para que sejam devidamente ouvidas.

Então, monitores e analise em diferentes volumes para garantir que a mix tem presença em todos eles.

13. Deixe para fazer os ajustes finos mais tarde, quando a visão da música estiver clara para você

Quando você começar a mixar, se preocupe em entender o que está acontecendo e dar os primeiros passos.

Não pinte os detalhes agora, crie o rascunho da pintura.

Mesmo com essa analogia péssima é fácil entender que nas primeiras horas da mix, é importante garantir que o aspecto geral da música está funcionando. Depois que estiver satisfeito, passe para os detalhes.

14. Confira os overheads separadamente para conferir se há diferença entre eles

Essa é uma dica legal. Por algum motivo (ou de propósito, já que podemos usar mics diferentes para os OH’s) em alguns casos os microfones de overhead podem soar bem diferentes.

Não custa garantir. Então, confira-os separadamente e verifique se existe alguma diferença de equalização entre eles.

15. Posicione o sweet spot das suas caixas um pouco atrás de onde você está sentado

Essa é outra dica que eu achei show de bola.

Ao configurar os seus monitores de referência, coloque o sweet spot um pouco atrás de onde você realmente vai estar sentado.

Isso dá a mesma sensação de ouvir através de fones de ouvido, onde o posicionamento de cada instrumento não fica tão bem definido. Vai te ajudar a posicionar bem cada elemento e ter uma prévia de como a música vai soar em fones de ouvido.

Ao longo da mix, volte para a posição real do sweet spot dos monitores e confira também!

16. Nos microfones de sala, foque no som da caixa

Microfones de bateria para captar a sala de gravação são bem legais. Eles podem fazer toda a diferença para a mix e para a música.

O Andy Wallace usa filtros HP e LP para tirar os graves e agudos, focando o mic de sala em ser a fonte do som da caixa.

É possível conseguir o reverb da bateria aqui e também trazer mais ambiência para a música.

17. Para os ajustes finos, monitore em volumes baixos

Para os ajustes finos, monitore em volumes bem baixos.

Se algo ficar algo escutando bem baixinho, ele vai estar realmente altoquando for a hora de escutar em altos volumes.

Use essa técnica para conferir se não há nenhum elemento na mix tomando mais espaço do que ele deve.

18. Reverb longo e delay para trazer a voz para perto da banda

Para fechar, uma dica sobre gravação de voz. Um reverb longo (como um room on chamber) mais um delay (pode ser 8th ou slapback) ajudam a trazer a voz para perto da banda.

Ou seja, coloca o cantor no mesmo plano que o resto da banda está.

Assim ele não fica tão deslocado após toda a compressão e processamento.

Notas finais

O Andy Wallace é um cara incrível e os trabalhos dele falam por si só.

Essas dicas não são a reinvenção da roda, mas podem ajudar outros produtores a garantir que seus carros estão rodando direitinho.

E você? Tem alguma dica de mix valiosa para compartilhar? Manda bala nos comentários!