Acústica para home studio é um tema polêmico.
Se você acompanha o meu blog, sabe que eu tento sempre desmistificar os preconceitos criados dentro do mundo do áudio. Eles são vários, e não vale a pena listar um por um. É muito mais interessante mostrar a acústica por um lado prático. Deixando claro o que você precisa fazer para aplicar esses conceitos no seu home!
Esse é o objetivo desse material.
Quero compartilhar com você conteúdo e aprendizados sobre acústica que vão te ajudar a gravar e mixar melhor, ter menos problemas com o seu vizinho, e também preservar o seu tímpano.
Vamos começar a entender mais sobre acústica para home studio?
Entendendo a Acústica para Home Studio
Antes de entrar em toda a teoria e prática existentes, é importante fazer um paralelo entre acústica para home studio e acústica para grandes estúdios.
Quando falo grande, quero dizer maior em área.
Um home studio pode ser um estúdio comercial tanto quanto um grande estúdio.
Mas quando falamos sobre acústicas, algumas propriedades físicas são imutáveis.
A grande diferença está nas dimensões.
Um home studio costuma ter as medidas de um quarto padrão. Algo próximo de 4x5m. Então, o grave sempre será um problema.
Quando o comprimento de onda de uma frequência (um ciclo completo dela) é igual a uma medida da sala, essa frequência considerada o “modo” daquela dimensão (ou room mode).
Os room modes são frequências que fazem a sala vibrar, por terem o comprimento de onda igual à medida do cômodo. E você tem 2 modos: comprimento, altura e largura.
Para você ter ideia, 116 Hz tem 3m de comprimento de onda. Toda música tem 116 Hz!
Logo, você vai ter problemas no grave.
Da mesma forma, salas menores têm mais reflexão, já que o espaço físico é menor e o tempo de reflexão é o mesmo.
Obviamente, nós vamos abordar todos esses tópicos em detalhe ao longo desse material.
Mas achei extremamente importante traçar um paralelo sobre a importância de entender que as teorias sobre acústica são as mesmas, mas as formas de aplicar precisam estar dentro do contexto!
Ok, agora que você já entendeu isso, vamos ao que interessa!
Isolamento acústico para Home Studio
Isolamento acústico é uma técnica para impedir a transmissão de som entre ambientes. Bem simples, certo?
Essa barreira criada é feita através de materiais pesados, ou seja, que possuem muita massa.
Para provar essa teoria é bem simples, coloque uma chapa de isopor e uma de madeira maciça lado a lado e emita qualquer som através de uma fonte sonora de um lado, enquanto você tenta escutar do outro.
A diferença de massa entre as chapas é o que irá influenciar o isolamento, impedindo a transmissão do som. Qualquer fresta é um ponto fraco do isolamento.
O ditado diz que onde passa luz, passa som.
A Lei da Massa
Engenheiros adoram teorizar e criar fórmulas.
Assim, a ideia de que quanto mais massa maior o isolamento foi estudada a fundo e algumas conclusões bem interessantes surgiram disso.
A primeira é que ao dobrar a massa de um fechamento (como uma parede, por exemplo) o índice de redução sonora aumenta em 6 dB.
Ou seja, dobrar a massa é igual a mais 6 dB de redução, ou de isolamento acústico.
Quanto maior a massa menor a vibração da superfície e consequentemente menor a probabilidade de transmitir sons.
Só de curiosidade, podemos aplicar a Lei da Massa tanto para paredes simples quanto para paredes duplas (vamos falar mais sobre isso já já):
Lei das massas para uma parede simples:
R = 13.3log(m.f)-22.5(dB)
- m : massa parede por m2(Kg/m2)
- f : frequência em Hz que deseja calcular o isolamento
Lei das massas para uma parede dupla:
R(dB)=13.3log(m1+m2)+20log(f)-35.7
- m1 : massa da parede 1
- m2 : massa da parede 2
- f : frequência em Hz que deseja calcular o isolamento
Isolamento acústico vs. absorção acústica
rovavelmente a principal dúvida de quem se aventura a pesquisar sobre isolamento acústico é entender a diferença entre isolar e absorver.
Isolar é impedir que o som ou a vibração passem de uma sala para outra.
Seja de forma mecânica (entre objetos, como de um amp de baixo para a estrutura da sala) ou por propagação (uma onda sonora que atravessa uma parede e faz com que a estrutura vibre).
A absorção procura atenuar diferentes ondas dentro do mesmo ambiente, sem necessariamente impedir que elas “passem” para outros ambientes.
Um exemplo de absorção são painéis acústicos construídos com materiais porosos como lã de rocha ou vidro (vamos falar mais sobre eles já já).
Eles transformam a onda sonora em calor por fricção – absorvendo – mas não impedem que as ondas não absorvidas se propaguem para outros ambientes.
Recapitulando: isolar é impedir a passagem, absorver e controlar.
Principais materiais para isolamento acústico em home studio
Os materiais que realmente isolam o som não são as espumas, difusores acústicos ou painéis absorvedores que vemos nos estúdios.
Esses materiais têm outra função. Para isolar precisamos de massa!
E massa vem através de materiais como madeira maciça, blocos de cimento, tijolos, mantas de borracha, tapetes espessos, vidros e vários outros.
Blocos de cimento e tijolos são os fechamentos mais comuns para paredes.
Uma técnica muito usada é a construção de uma parede de alvenaria e uma segunda parede de gesso (dry-wall) recheada com lã de rocha. É uma forma mais em conta (e sustentável) de melhorar o índice de isolamento acústico dos ambientes.
Vidros são, obviamente, usados em janelas e vãos que precisam de contato com o outro ambiente.
Quanto mais espesso o vidro melhor seu índice de isolamento. Uma técnica muito usada e o uso de dois vidros com uma leve inclinação entre eles (entre 6 e 8 graus).
Madeira maciça é comum em portas. É um material fácil de ser trabalhado e moldado em diferentes formatos.
Pisos flutuantes (que não estão em contato com as paredes)são desacoplados através de mantas de borracha, ou outra plataforma de elevação, que servem como absorvedores de vibração mecânica. Toda a vibração é dissipada e não chega até a parede ou piso com sua força inicial.
Também podemos separar esses materiais em categorias, o que ajuda bastante na hora de escolher o ideal para cada tarefa.